Os
conterrâneos de Jesus O tinham visto partir como filho de carpinteiro, e agora
O
reencontram como Mestre, rodeado de discípulos. É uma novidade que interpretam
somente como vantagem social. Isso os impede de acolher a Palavra de Deus, a
explicação das Escrituras e a Sua revelação como o Ungido de Deus. Vista a
posição de Jesus neste prisma, cria-se neles a impressão de que Jesus partiria
acabando por deixá-los outra vez na sua pobreza.
É que no
tempo de Jesus o Judaísmo tinha suas esperanças na vinda de um Messias que
restauraria o antigo império de Davi – glorioso – segundo dizia a tradição.
Estas esperanças tinham suas raízes na “teologia de poder” elaborada na corte
dos descendentes de Davi, através da qual visavam recuperar seu poder e seus
privilégios.
Na
realidade a realeza, consolidada por Davi, distorceu o ideal de igualdade e
partilha característico da tradição de Moisés. O projeto de Deus não é o de
consolidar as estruturas de realeza e poder. O projeto de Deus é resgatar e
promover a vida entre os pobres e excluídos, criando laços pessoais e sociais
de fraternidade e partilha. Este projeto nasce no meio do povo. Nasce em uma
insignificante cidade da Galileia, na casa de um simples carpinteiro, José.
Este
projeto nasce com a proclamação de seu filho Jesus de Nazaré. Jesus
reconhecidamente tem sabedoria e força de comunicação. Mas sua origem humilde
choca as pessoas submetidas à ideologia de poder do Judaísmo.
Rejeitado
por aqueles seduzidos pelo poder, Jesus encontra acolhida entre os pobres e
pequeninos que lutam para se verem livres da humilhação, da escravidão, das
injustiças sociais, das drogas, da prostituição, da luxúria, da criminalidade,
da violência e de todo tipo de pecado. Mas isso, não se faz sem trabalho. É
preciso passar pela escola da humildade, da simplicidade e da força de vontade.
E a melhor escolinha é aquela de José, na humilde Nazaré.
Somos
convidados a olhar para José, homem justo, que tirava de seu trabalho na carpintaria
o sustento honesto de sua vida. Lançando o olhar para os nossos dias, notamos
uma grande distância dos homens entre si, por causa do avanço da ciência e da
técnica. A técnica traz seus benefícios mas, às vezes, não só substitui o
trabalhador, como até o escraviza ou – pior ainda – o neutraliza.
Para o
mundo digital, quem não se desenvolve no manejo da ciência e da técnica é
excluído. A pessoa passa para um segundo plano porque as relações que marcam o
mundo do mercado do trabalho são as da produção, do aumento do lucro, e não a
vida e a dignidade da pessoa.
Na última
parte do texto de hoje, Jesus nos dá um “puxão de orelha”, porque muitas vezes
fechamos os nossos ouvidos para acolher o conselho, a advertência e o ensino
daqueles que são nossos parentes, familiares, vizinhos ou conhecidos. E, por
outro lado, Ele encoraja-nos a não desistirmos em nossa missão de anunciar o
Reino de Deus seja a que custo for. Jesus nos ensina que a tarefa é árdua.
Sobretudo, quando se trata de evangelizar a partir de dentro de casa. Para
Jesus também não foi fácil ser profeta na sua casa, na sua família. As pessoas
duvidavam d’Ele, não queriam acreditar no Seu poder e, por isso mesmo, Ele não
fez ali muitos milagres.
Jesus é
Aquele irmão que Deus, nosso Pai, enviou para mostrar o caminho que nos leva ao
Céu. Diante disso precisamos estar atentos para acolher as pessoas que, dentro
da nossa casa, nos abrem os olhos e são instrumentos de Deus para a nossa
conversão. Ouvidos atentos e coração aberto, porque o Senhor fala por meio de
quem nós nunca nem esperávamos que Ele falasse.
Muitas
vezes Deus nos manda Seus emissários que nos aconselham com palavras de
sabedoria que Ele próprio sugeriu a nós. Porém, por ser essa pessoa
simplesmente alguém que é muito conhecido nosso, nós desprezamos as
recomendações de Deus. Nesse caso, os milagres também não acontecem na nossa
vida, e muitos problemas nunca serão solucionados por causa da nossa
impertinência.
Abertos
ao convite da conversão, do arrependimento e da acolhida ao Reino dos Céus,
sejamos corajosos no anúncio do Evangelho a começar pelos nossos. Nesta data em
que comemoramos o Dia Mundial do Trabalho com júbilo e fé, peçamos a Deus o dom
da compreensão do Seu Projeto e aprendamos, com São José Operário, o sentido do
trabalho para as nossas vidas e famílias e as virtudes da justiça, da
honestidade, da simplicidade e da humildade.
São José
Operário, rogai por nós!
Padre Bantu Mendonça
(Retirada do site.http://blog.cancaonova.com/homilia/2012/05/01)
André Jofre
Radialista-Setor Locução
(DRT-26193-SP-020512)
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